Muitos fatores podem promover o bem-estar psicológico e a saúde mental do funcionário, inclusive o ambiente de trabalho. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 50% dos brasileiros trabalham habitualmente de 40 a 44 horas por semana. Portanto, para a maioria das pessoas, o trabalho consome uma grande parte do tempo.
À vista dessa grande influência sobre o cotidiano, a saúde mental dos trabalhadores tem relação direta com o ambiente organizacional e os efeitos dessa condição psicológica afetam, não somente o indivíduo, mas também a produtividade da empresa.
No contexto atual, o mundo do trabalho enfrenta diversas mudanças relacionadas à globalização e inovação tecnológica que interferem na maneira como o trabalhador se organiza em relação às próprias atividades e em uma convivência coletiva. Apesar dessa nova forma de estruturação, o mundo da produção continua se movendo pela acumulação de capital e lucro, consolidando o mercado de consumo como eixo da sociedade.
Uma vez que as empresas visam a excelência dos resultados, que os avanços tecnológicos substituem determinadas atividades humanas e exigem alta qualificação de outras, o empregado se encontra em um ambiente de maior competitividade. Isso fragiliza as relações com ritmos mais intensos de trabalhos e inseguranças relacionadas ao desemprego.
Esse ambiente exigente de trabalho, a longo prazo, pode acarretar em desgaste físico e emocional no funcionário. Nas proposições de Laurell e Noriega (1989) sobre a Saúde do Trabalhador, esse desgaste pode ser entendido como “a perda da capacidade potencial e/ou efetiva corporal e psíquica do trabalhador”.
Somado a essa visão exaustiva, é comum o entendimento do ofício como algo naturalmente penoso. A etimologia da palavra trabalho remonta o latim “Tripallium” que é a denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (pallium). Portanto, a palavra trabalhar originalmente significa ser torturado. Ambos os efeitos do ambiente de trabalho e da própria palavra afetam o comportamento do indivíduo e consequentemente seu rendimento.
Isto posto, as consequências desse ambiente de trabalho sobre a saúde podem ter custos aos empregadores em termos de produtividade e rotatividade. Uma tensão contínua e condições estressantes podem conduzir a questões como síndrome de burnout, depressão, abuso de álcool e drogas, fadigas, psicossomatização, entre outros problemas. Um estudo recente feito pela OMS (Organização Mundial da Saúde) estimou que os transtornos depressivos e de ansiedade custam 1 trilhão de dólares para a economia global a cada ano devido perda de produtividade (2015).
Mediante o exposto, é notório que o ambiente organizacional influencia o bem-estar do trabalhador por meio de suas políticas, gestão e atividades. O primeiro passo para melhorar as relações interpessoais e a organização das tarefas é entender como o meio pode ser adaptado a fim de promover saúde mental para os diferentes funcionários.
É necessário que os empregadores garantam que os indivíduos se sintam capazes de pedir ajuda para continuar ou retornar ao trabalho, portanto ferramentas de comunicação e apoio confidencial são boas maneiras de assistência, uma vez que a organização é responsável pelo auxílio de seus empregados. Como resultado, o ambiente saudável proporcionará melhor produtividade, relação entre colaboradores e uma rotina mais leve, permitindo à todos uma boa experiência.
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Por Ana Luiza Ribeiro, graduanda em Psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e coordenadora de Recursos Humanos na Consultoria RH Junior.