Já não é novidade para nenhuma empresa que a cada dia o mercado se torna mais competitivo e acirrado. Antes de tudo, é importante que todos se adaptem e busquem por inovação, para assim, se destacarem da concorrência. Tradicionalmente, ela aparece nas organizações por meio do aprimoramento do produto ou serviço. Dessa forma, a empresa dedica tempo e capital para repaginar o produto, criando um novo design e adicionando novas características para gerar valor ao consumidor. Uma empresa que preza por isso é a multinacional americana Apple. Anualmente, ela lança novas versões de iPhone, apresentando sempre diferentes funcionalidades. Porém, o grande diferencial está na forma como a empresa encontrará soluções para as necessidades que serão demandadas pelos seus clientes. Esta é a ideia central da metodologia do Design Thinking.
O que é Design Thinking?
O Design Thinking é uma abordagem sistêmica e criativa que visa a resolução de problemas através de competências dos designers, como senso crítico, criatividade, empatia e experimentalismo. Ele parte do pressuposto de que todo problema deve ser visto como uma oportunidade e promove a ideia de que a inovação é fruto da compreensão profunda das necessidades humanas. Com esse estudo e compreensão, é possível que a empresa entenda o que os consumidores precisam, o que falta melhorar no seu cotidiano, do que eles gostam ou do que eles não gostam.
Assim, conclui-se que o Design Thinking é uma disciplina que usa a sensibilidade e métodos do designer, como a prototipagem. A adoção nas empresas proporciona solucionar as necessidades do consumidor de maneira assertiva, a partir da disponibilidade de tecnologia e a viabilidade de aplicação na organização. Confira, a seguir, as 5 etapas para desenvolver o método:
As 5 etapas do Design Thinking:
Ideias inovadoras e diferentes são resultado de um longo processo de tentativa e erro que seguem, basicamente, três passos: prototipagem, testagem e refinamento. Inicialmente, para prototipar um produto, é necessário estudar a sociedade como já foi previamente dito. Esse estudo deve ser feito de forma direta e detalhada, por meio de entrevistas e observação.
1. Empatia
Antes de qualquer ação é preciso ter uma visão geral e detalhada do perfil do seu cliente. Assim, é importante fazer uma observação para entender o que ele precisa. Posteriormente, são feitas várias entrevistas para que a empresa possa se colocar no lugar do cliente.
2. Definição do Problema
Depois da Fase da Empatia, a empresa deve partir para a interpretação de todos os dados coletados. Em suma, essa fase visa identificar qual é o problema do cliente de forma clara, objetiva e passível de soluções inteligentes.
3. Idealização
Idealizar é o momento de encontrar as soluções para a demanda do seu cliente. Desse modo, como o Design Thinking prega que não existe uma única solução, a equipe deve gerar o máximo de soluções possíveis para que elas possam ser testadas.
4. Prototipagem
Para a metodologia, um protótipo pode ser qualquer coisa tangível com a qual o consumidor possa interagir e compreender visualmente. O propósito dessa fase é coletar novos feedbacks e mapear problemas que não eram visíveis quando ele só estava apenas no papel.
5. Teste
É a última fase, na qual o protótipo é apresentado ao cliente. De preferência, ele deve ser idêntico ao que será encontrado pelo mesmo e quando ele for comprá-lo. Nesse caso, as opiniões e feedbacks serão mais certeiros, confiáveis e ajudarão a ver se as hipóteses estipuladas pelas empresas estavam corretas ou não. O teste deve ser realizado de forma estratégica, logo, vale a pena questionar o consumidor sobre o produto. Com esses questionamentos, a chance de sucesso do produto ou do serviço aumenta drasticamente.
A força da metodologia
Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas, com gestores de vários países que adotaram essa metodologia nas suas organizações, mostra resultados surpreendentes – 80% dos gestores entrevistados perceberam que seus colaboradores geraram ideias mais criativas e muito mais ágeis após a implementação. De antemão, 70% desses também tiveram uma melhoria considerável no caixa da empresa.
Esse método começou a ganhar destaque internacionalmente com a crise econômica de 2008, questionando os modelos econômicos rígidos que se mostraram insustentáveis em um mundo muito dinâmico e em constante mudança. Assim como, uma pesquisa feita pela empresa americana Deloitte, mostra que um pouco mais de 60% das empresas veem a complexidade da burocracia no mundo dos negócios como um obstáculo para seu crescimento e sucesso e, por isso, acreditam que o Design Thinking pode ser uma saída interessante já que é mais simples e altamente dinâmico.
O Design Thinking na Gestão de Pessoas
Quando essa metodologia foi elaborada, ela tinha como base a criação de produtos ou serviços. Apesar disso, o Design Thinking já se expandiu para as demais áreas da empresa e pode se encaixar em várias ocasiões. O método pode ser facilmente aplicado na Gestão de Pessoas, como é feito por várias empresas familiares e até multinacionais, como a Deckers Brands e a Qualcomm.
Potencializar o capital humano da organização é fundamental e, tradicionalmente, é feito por meio de formulários, palestras, treinamentos e até aulas presenciais ou online. Em contrapartida, tais estratégias podem ser efetivas até certo ponto, porém elas saturam o funcionário – deixam o colaborador sobrecarregado de tarefas e atividades, o que pode levar ao Burnout ou a outros problemas psicológicos como estresse e ansiedade – e deixam o ambiente da empresa ainda mais pesado e complexo – gera no indivíduo um desconforto físico e uma tensão entre os colaboradores. Em síntese, esse é um dos cenários ideais para se aplicar o método – buscando por aprimorar a maneira de capacitar os profissionais.
Na prática:
Realizar treinamentos utilizando o Design Thinking torna o momento mais prazeroso e até mais produtivo, uma vez que parte para a prática ao invés de apenas mostrar a teoria. A multinacional Nestlé tem criado vários cursos e treinamentos para seus funcionários totalmente experimentais, ou seja, o colaborador aprende rapidamente o que é exposto e logo é inserido em um cenário para poder praticar o que foi aprendido. A Nestlé justifica o uso do método nos seus treinamentos com base no fato de que a aprendizagem é muito mais assertiva e bem-sucedida quando feita na prática e com base na experiência.
Além do caso acima, a metodologia também já se viu eficaz na identificação de problemas de gestão nas empresas e na contribuição com soluções adequadas. Sob o mesmo ponto de vista, uma empresa que está passando por problemas internos após realizar uma Pesquisa de Clima Organizacional, pode e deve aplicar o Design Thinking com seus funcionários, para desenvolverem possíveis planos de ação, os quais contemplem tanto as necessidades da empresa como as de seus colaboradores que não estão satisfeitos.
Uma empresa do estado do Rio Grande do Sul, cujo nome não foi revelado, fez exatamente isso. Após uma PCO, os gestores identificaram que os colaboradores estavam desmotivados, raramente eram elogiados e não recebiam o reconhecimento que mereciam. Posteriormente, todos da empresa se reuniram para aplicar o Design Thinking de acordo com as necessidades da mesma. Como efeito, os funcionários conseguiram pensar em várias práticas que tornariam o espaço de trabalho mais saudável e que eram compatíveis com o orçamento e a visão da empresa. Algumas dessas foram prototipadas e depois implementadas com pequenas alterações devido aos feedbacks. Como consequência, o uso do método na organização proporcionou o aumento da lucratividade, o sentimento de pertencimento e companheirismo por parte dos profissionais.
Por Maria Eduarda Britto, graduanda em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e Trainee na Consultoria RH Junior.