Infelizmente, situações que fazem as pessoas se sentirem inferiores ou desrespeitadas são comuns dentro do ambiente de trabalho. E, muitas vezes, acabam sendo menosprezadas pelo ponto de vista gerencial. Contudo, a estimativa feita pela transnacional CISCO, referência em redes e comunicação, trouxe em números o prejuízo que esses comportamentos e a falta de uma liderança positiva estavam lhe custando: 12 milhões de dólares ao ano.
Ademais, interações que são de alguma forma humilhantes não afetam apenas os envolvidos, mas todo o ambiente organizacional. Dessa forma, uma vez criado, o mal-estar se propaga rápido. De acordo com o resultado das pesquisas de Christine Porath, professora da Universidade de Georgetown, a equipe perde significantemente a sua criatividade, não atingindo o seu potencial produtivo e descontando a frustração nos colegas e clientes, deteriorando os resultados e a imagem da empresa.
Insights da pesquisa:
De acordo com Porath, esse tipo de comportamento tem duas origens: o estresse e a insegurança sobre a credibilidade de uma liderança positiva.
O primeiro motivo já conta com diversas estratégias no mercado. Assim, também pode ser reduzido com o estabelecimento de uma liderança positiva, então não será aprofundado neste artigo.
Já esse segundo fator existe porque tendemos a acreditar que figuras autoritárias e ríspidas exercem mais controle e, assim, serão mais respeitadas. Porém, na realidade, por operarem sobre o medo dos outros, são extremamente frágeis a longo prazo. Dessa forma, aqueles que conseguem demonstrar apreço por novas ideias e empatia se tornam inspiração aos subordinados e obtêm resultados muito mais vantajosos do que os que se vestem como maus.
A postura que os líderes adotam é essencial para o combate ou manutenção de comportamentos desrespeitosos, uma vez que são a referência dentro da organização. Quando exercemos a liderança positiva, há uma mudança na motivação da equipe no porquê não querer decepcionar o chefe: o que antes seria medo de retaliação, se torna a vontade de fazer jus à expectativa que ele tem sobre as suas capacidades. Além disso, é mais provável que atuem a favor do sucesso coletivo, pois se sentem parte dos objetivos da liderança.
Um equívoco comum feito sobre o conceito de liderança positiva é que evita conflitos e nunca discorda. Pelo contrário, por conseguir separar a ideia do indivíduo, é capaz de avaliar propostas de forma respeitosa, sem comprometer o ambiente organizacional e, portanto, potencializa os resultados.
Como potencializar a liderança positiva dentro da sua empresa:
1. Recrute profissionais que conseguem exercê-la
O primeiro passo para a liderança positiva é buscar quem consegue exercê-la. No processo seletivo é interessante implementar dinâmicas de grupo para verificar se o candidato consegue ouvir as ideias dos outros, colaborar com elas e promover não só o seu desenvolvimento, mas o do coletivo.
2. Incentive o diálogo
Novamente, liderança positiva não é evitar conflitos, mas melhorar com eles. Quando a equipe não concordar com algo, é essencial que mantenha o respeito nas críticas – ataque a ideia e não quem a propõe.
De forma geral, receber feedbacks constantes é muito benéfico e devem buscar entender o porquê de alguma deficiência e encontrar uma forma de superá-la, ainda mais quando partem de um cargo superior.
Se você acredita que a sua empresa ainda não é capaz de se comunicar dessa forma, ofereça um meio anônimo das pessoas exporem suas ideias e feedbacks. Contudo, se o responsável por esse não transmitir receptividade e respeito aos subordinados, o método provavelmente não será eficiente.
3. Acompanhe o clima organizacional
Criar a cultura da liderança positiva demanda tempo e persistência. Então, se ela não for constantemente desenvolvida, os recursos gastos no processo seletivo ou na capacitação da equipe podem ser perdidos.
Para verificar a sua influência, é interessante realizar uma pesquisa de clima organizacional periodicamente. Essa é capaz de trazer insumos que os gestores não conseguem identificar e permite decisões mais assertivas em prol de um ambiente favorável à liderança positiva.
Por Letícia Cardia, graduanda em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e Trainee na Consultoria RH Junior.