Introdução
Em um contexto de pandemia, cheio de incertezas e mudanças repentinas, as organizações têm que se adaptar constantemente, a fim de se adequarem às normas sanitárias e, ao mesmo tempo, continuarem realizando suas atividades com excelência. Neste cenário, o trabalho híbrido tornou-se a melhor alternativa para muitas empresas ou apenas uma necessidade imediata?
Definição
O trabalho híbrido é um modelo em que os colaboradores devem realizar as suas atividades, em parte do tempo nas suas casas e, na outra, no escritório ou local de trabalho. Nesse sentido, é evidente que tal dinâmica possui aspectos positivos, negativos e riscos a serem mensurados.
Aspectos positivos
Esse modelo de trabalho possui inúmeros benefícios, entre eles, a redução de custos de locação e custos indiretos como, luz, água, café e vale transporte. Isso porque, com parte da equipe trabalhando em casa, os escritórios não precisam mais ter grande espaço físico. Muitas empresas optaram por reduzir o tamanho dos locais de trabalho ou até mesmo por adotar o coworking. Ou seja, o compartilhamento de espaços físicos e recursos de escritório entre mais de uma empresa, ambos gerando diminuição de custos. Essa medida foi adotada, a título de exemplo, pela Petrobrás, que planeja continuar com apenas 8 dos 23 edifícios que ocupava no Brasil, no primeiro trimestre de 2021, esperando uma redução de custos de até US$ 30 milhões neste ano. Além disso, estes espaços tendem a ser reformulados para servir como um ambiente de trabalho em conjunto. Isso porque, algumas tarefas individuais podem ser realizadas em casa.
Outro ponto relevante a ser mencionado é a maior flexibilidade de horário no modelo híbrido. Isso permite que o profissional possa se dedicar mais à família, lazer, estudo e cultura. Ainda sobre essa questão, é claro que, com esse modelo, o colaborador economiza no tempo de deslocamento, melhorando sua qualidade de vida, diminuindo o estresse e riscos inerentes a tal.
Aspectos negativos
Com relação aos aspectos negativos, pode-se dizer que a forma híbrida aumenta o distanciamento da equipe. Isso porque uma parte vai estar em home office, enquanto a outra no escritório. Para mais, essa separação e alternância de local de trabalho dificultam a comunicação, o que pode gerar grandes malefícios para a organização. Deve-se atentar também ao maior risco de dispersão do colaborador, uma vez que no ambiente home office podem haver inúmeras formas de distração.
Além das questões já citadas, outro ponto relevante é a dificuldade do empregador de controlar as atividades do empregado.
Riscos
A adoção do modelo híbrido pode ser bastante arriscada por diversos motivos. O primeiro deles é a questão de risco trabalhista, afinal, essa forma de trabalho não possui regulamentação na CLT (Consolidação das leis do trabalho). O segundo, diz respeito ao possível prejuízo inerente à decisão de redução de espaço físico, isso porque a empresa que optar por essa medida pode vir a ter dificuldade de encontrar um novo lugar ideal para sua sede ou filial. Isso é claro pelo depoimento do head de inteligência de mercado da Cushman & Wakefield, Jadson Andrade, “Abrir mão de uma localidade, como a Avenida Paulista, por exemplo, pode ser arriscado porque recuperar esse escritório pode não ser possível daqui seis meses ou um ano.” Pode ocorrer, ainda, a redução de produtividade.
Por fim, é válido mencionar que após a decisão de mudança para o trabalho híbrido, retornar para um modelo presencial pode ser bastante difícil, dado que os colaboradores ou parte deles já estarão adaptados a essa nova modalidade de trabalho.
Adotar ou não o modelo híbrido?
Tomando como base os aspectos positivos, negativos e riscos atrelados ao modelo de trabalho híbrido, pode-se afirmar que optar por adotá-lo em uma empresa é uma decisão que deve ser realizada com cautela e planejamento. Além disso, vale ressaltar que essa forma de trabalho não é necessariamente a ideal para todas as empresas. Logo, no contexto de pandemia, embora muitas organizações tenham aderido a tal por obrigação, deve haver uma avaliação precisa e cuidadosa para decidir se o modelo deve ser mantido após o fim da pandemia do coronavírus.
Por Luisa Brandão Montes, graduanda em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas e Trainee na Consultoria RH Junior