Antigamente, as pessoas com deficiência, chamadas de PcD, não se envolviam nas atividades cotidianas como estudar e trabalhar. Isso acontecia porque eram restringidas somente ao convívio familiar e da comunidade em seu entorno. Porém, na metade do século passado, isso mudou, pois a chegada de discussões acerca dos direitos de pessoas com deficiência e da sua inclusão na sociedade, trouxeram luz sobre o tema.
Pessoas com Deficiência (PcDs) no Brasil
Em 2009, o Brasil aprovou a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e definiu legalmente quem se encontra nesse aspecto. Em seguida, em 06 de Julho de 2015 foi instituído o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que assegurava e promovia os direitos dessa população.
Entretanto, mesmo com a Convenção e o Estatuto, esse grupo ainda sofre grandes dificuldades na inclusão do mercado de trabalho. Segundo o artigo “Oportunidades no mercado de trabalho: análise das vagas de emprego disponíveis para pessoas com deficiência”, a maior parte de vagas ofertadas são para a escolaridade de Ensino Fundamental Incompleto e Ensino Médio Completo. Além disso, os cargos oferecidos eram para auxiliar administrativo, caixa/recepcionista/atendente e auxiliar de linha de produção. Logo, com esses dados, pressupõe-se que a pessoa com deficiência não estudou ou não teria capacidade de alcançar um Ensino Superior ou a uma Pós-graduação.
Ademais, o artigo mostra que algumas empresas fizeram exigências quanto ao tipo de deficiência. Eram condições como “não encaminhar cadeirante, empresa não adaptada”, “deficiência que permita o normal desempenho das atividades”. Esta última mostra como o capacitismo, termo usado para descrever a discriminação contra pessoas com deficiência, está enraizado na nossa cultura. Sobre a primeira exigência, no Estatuto é mostrado que empresas com mais de 100 funcionários precisam ter de 2% a 5% do quadro com PcD. Quanto maior o número de funcionários, maior será a porcentagem exigida. Além disso, a empresa não pode selecionar o tipo de deficiência que quer porque, pela lei nº 10.098/2000, todos os estabelecimentos precisam estar equipados para atender pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida, caso alguma se candidate às vagas.
Casos exemplares
Por outro lado, existem empresas criadas hoje com o foco nessa população, como a Egalitê e a Chefs Especiais Café. A primeira busca ofertar vagas destinadas às PcD, nela pode-se buscar vagas ou cadastrar o seu currículo no site. A segunda, é uma cafeteria criada para qualificar pessoas com Síndrome De Down dentro da área de gastronomia. Nela, todos os funcionários possuem essa síndrome.
Portanto, é visto que ainda é muito difícil a inclusão de pessoas com deficiência nas empresas, seja pelo capacitismo na nossa cultura ou pela dificuldade de empregos que são ofertados a ela. A deficiência que uma pessoa possui não define quem ela é. Uma pessoa com deficiência não é somente a sua deficiência e sim um conjunto de coisas, como seu aprendizado, os seus sonhos e o plano de carreira que possui.
Por Carolina Andreotti, graduanda em Psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Trainee na Consultoria RH Junior