A SÍNDROME DA MULHER MARAVILHA
A mulher moderna, ao longo dos últimos anos, vem conquistando uma grande relevância no meio profissional, mas e seus papéis antigos? Foram redistribuídos ou apenas se adicionou mais uma função? A síndrome da mulher maravilha refere-se à condição da tentativa de alcançar uma perfeição esperada pela sociedade através de supostos superpoderes. Essa autocobrança de dar conta de tudo em todos os aspectos da vida, e sempre com um sorriso no rosto e maquiagem feita, gera um desgaste emocional e físico muito grande, já que tal perfeição é inatingível.
OS PAPÉIS DA MULHER
O esforço para manter tudo sob controle ainda não é reconhecido, uma vez que é visto como obrigação por seu entorno e pela própria mulher. Por isso, é preciso trazer atenção para o assunto. Por mais que o mundo tenha quebrado e continue quebrando muitos paradigmas do passado, a mulher contemporânea ainda desempenha uma dupla, e algumas vezes tripla, jornada em seus dias. Um estudo feito pela Bain & Company, apontou em 2019, que apenas 3% das mulheres ocupam algo tipo de cargo de liderança, ainda presenciando uma busca pela igualdade de gênero e por mesmas oportunidades.
Além dessa necessidade de estar constantemente se provando, a casa – e tudo o que a envolve – aparece como uma segunda tarefa que se prolonga durante todo o dia. Tarefas como ser mãe, esposa e/ou cuidar da casa, de acordo com cada caso, surgem antes e depois do horário de trabalho. Nisso, o tempo que sobra – quando sobra – é reservado para o autocuidado, que acaba por ficar sempre em segundo plano.
UM CAMINHO PARA O BURNOUT
A palavra “burnout” vem do inglês e significa “esgotamento”. A partir disso, temos a Síndrome de Burnout, um transtorno psíquico caracterizado pelo cansaço físico e mental de uma pessoa, associado diretamente ao desempenho em todas as suas tarefas no ambiente de trabalho, adicionada em 2019 na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde (2019). Nota-se na pessoa, um caráter depressivo com sintomas visíveis no dia a dia e que afetam diretamente o desempenho profissional. Estresse contínuo, fadiga, dificuldade de concentração e de memorização são alguns dos grandes sintomas.
O Brasil é o segundo país com o maior número de pessoas com a Síndrome de Burnout, de acordo com a International Stress Mangement Association (IMSA-BR), o que torna necessário a preocupação com a saúde mental de todos. Esses dados evidenciam a importância de aplicar na rotina, de forma prática e proativa, maneiras para viver melhor na sociedade acelerada e estressada atual. Assim, designando sempre quando possível, períodos para respirar e olhar com mais cuidado para si e para as pessoas ao seu redor.
RECONHECENDO A MULHER MARAVILHA NAS EMPRESAS
Principalmente no cenário de pandemia hoje presenciado, é necessário chamar atenção de profissionais das mais diversas áreas para se atentar aos sintomas da síndrome. Mais, o tema da saúde mental tem que ser cada vez mais abordado em empresas e dentro de casa. Deve-se ressaltar a importância de separar o ambiente e o período de trabalho e reservar momentos para outras atividades de lazer, uma vez que o home office acabou transformando muitas jornadas de trabalho específicas em jornadas que ocupam o dia interno. E, por parte das mulheres, uma compreensão maior com si mesma e um equilíbrio na realização de suas funções. É importante delegar quando possível, compreender que nada pode ser feito com total perfeição. Ademais, não é possível – e nem se deve – fazer tudo sempre sozinha.
Por Carolina Juste Rodado, graduanda em Psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Trainee na Consultoria RH Junior