Contextualização e exemplos
“Fecharemos por tempo indeterminado” ou “o que o home office pode ganhar com a crise?”, foram frases repetidas por departamentos de vários setores pelo Brasil afora, devido ao momento atual. A crise causada pelo Covid-19 forçou as pessoas a se reinventarem e restabelecerem um novo modo de trabalho. Do dia para a noite, o mundo todo precisou se adaptar ao home office. Isso fez com que as empresas continuassem funcionando e permitindo que a economia, uns dos grandes pilares da democracia, pudesse continuar girando. Independente disso, questiona-se: essas empresas têm conseguindo aproveitar essa mudança? O setor produtivo brasileiro tem grande adaptabilidade?
Toda crise gera oportunidades. O diferencial é que essas oportunidades sejam somadas à boa gestão de pessoas desenvolvida na empresa. Um exemplo desse aproveitamento eficiente, seria a gigante empresa de moda Amaro. Essa rodou uma pesquisa de satisfação aos seus funcionários: 76% deles estavam se sentindo mais produtivos e 60% mais engajados trabalhando em casa. Além da mudança de rotina, treinamentos e admissão de novos colaboradores foram adaptados para o virtual. O mesmo foi feito com a plataforma de saúde emocional (Zen Club) e até o happy hour.
Outro exemplo de gestão de pessoas eficaz na crise é a da empresa de games, Wildlife. Esta modificou seu modo de apresentação de novos projetos no home office, além de revolucionar o dia a dia dos funcionários. As apresentações de agora são feitas por um documento de algumas páginas, que contém a nova ideia somada ao contexto, soluções avaliadas e recomendações de decisões. Isso permite que todos estejam a par do tema da reunião e possam ter clareza da estratégia do negócio. Para promover uma comunicação interna eficiente, a Wildlife tem fornecido dicas de como trabalhar em casa e com a família por perto e além do mais, oportunizando aulas de ioga e de ginástica todos os dias.
Um diferente benefício que pode ser aproveitado diante de uma crise é o desenvolvimento de soft skills. A VP de pessoas da empresa de telefonia VIVO afirma: num momento como esse, “competências como empatia, colaboração, adaptabilidade e confiança são consideradas diferenciais”. A respeito da forma de como o colaborador vai se comportar no trabalho de home office, cita: organização, responsabilidade e transparência.
A título de exemplo, algumas pesquisas internas da BRQ Digital Solutions comprovam que o home office traz benefícios bastante interessantes: 72% dos colaboradores afirmam que sua qualidade de vida está melhor e 50% acreditam estar mais produtivos. O CEO da empresa, Benjamin Quadros, relata que se sente mais próximo dos funcionários ao conseguir ajudar a solucionar os problemas do dia a dia por conta da flexibilidade que a reunião online permite.
Por sorte, a expressão “na hora e no momento certo” é enxergada por muitas empresas. E se encaixa perfeitamente na mais nova ferramenta desenvolvida pela Consultoria RH Junior, o Processo Seletivo Online. A solução permite que você otimize o seu tempo e dos candidatos, possibilitando a diminuição de gastos e facilitando o recrutamento de forma eficiente. Empresas como Vtex, do setor de tecnologia que atende clientes de todo o mundo, e Locaweb, empresa de soluções B2B para transformação digital de negócios, comprometeram-se a fazer seus processos seletivos a distância e os candidatos que forem admitidos devem trabalhar em home-office.
A parceria entre concorrentes também tem sido uma tendência durante a quarentena brasileira. A gigante de streaming, Netflix, postou no Twitter: “O mais importante agora é se cuidar, e se der, ficar em casa. E se você acha que já viu tudo que tem disponível, há muitas outras plataformas pra você dar uma variada”. Essa foi a incitação de que a união e parceria entre empresas do mesmo setor pode permitir que o ramo alcance novos patamares. Quando a Gupy, startup brasileira de inteligência artificial aplicada a recrutamento e seleção, percebeu que seus clientes não estavam mais admitindo novos funcionários, criou uma parceria com duas startups do mesmo setor -Jobecam e Acesso Digital – e logo criou novas ferramentas que funcionam 100% online. Eles “pararam para ouvir” o que a gestão de pessoas nesse momento estava ‘gritando’, segundo a fundadora e presidente, Mariana Dias.
Gabriel Braga, fundador e presidente do Quinto Andar, que revolucionou o jeito de alugar imóveis e possui 1000 funcionários, relata: “Tivemos que mudar várias vezes por causa do crescimento, mas agora acredito que seja possível expandir sem precisar de mais espaço”. Também afirma que “Sem dúvida vamos ampliar o trabalho remoto”, mesmo tendo inaugurado uma nova sede em Dezembro na Vila Madalena, bairro de São Paulo. A flexibilidade da rotina, o conforto de estar em casa e a qualidade de vida que permitem uma maior organização de tempo. Com isso, consegue abrir espaço para a prática de esportes o que mais sentir necessidade de incrementar no seu dia a dia são uma realidade para quem trabalha em home office.
O Home Office é bom só durante a crise?
Este assunto tem sido discutido ao longo dos anos, e essa realidade foi acelerada com a pandemia, quando todo o mundo foi obrigado a se adaptar ao trabalho em casa. Empresas referentes no mercado: Nubank, XP Investimentos, Google e Facebook perceberam que conseguem fazer um trabalho eficiente mesmo remotamente, e anunciaram o home office até o final de 2020. Sendo assim, não precisam continuar mantendo escritórios. Inclusive, há empresas que cogitam estabelecer o home office para sempre, para os funcionários que quiserem, como: Twitter e Zee.Dog.
O home office não é de todo mau, pelo contrário, este promove o aproveitamento de oportunidades bastante eficazes e funcionais. Pode ser até melhor que o modelo presencial em alguns casos, mas é necessária uma gestão de pessoas que “escute” os colaboradores e que proporcione um ambiente saudável e agradável permitindo o alcance das metas, como é feito na própria Consultoria RH Junior. Essa teve que finalizar seu processo seletivo e inserir os trainees na cultura da empresa de forma remota, e isso foi feito a partir de um mês de inserção para os trainees mais exigente no que tange a sua aplicação e adaptado, a partir do acompanhamento de fintechs, da transparência, da cultura de feedbacks instaurada, entre outras ações que tornam a empresa um lugar saudável e promissor.
O incentivo à produção interna
O Brasil é dependente de importações médicas da Índia e da China e é responsável por gerar alta procura dos produtos. Além disso, foi preciso garantir um exponencial aumento da produção interna em prol do alcance de estoques suficientes para atender a demanda e combater o coronavírus. Diogo Marc, secretário de Desenvolvimento de Infraestrutura do Ministério da Economia, afirmou que a rápida adaptação do setor produtivo brasileiro permitiu que produzíssemos máscaras, álcool em gel e equipamentos respiratórios em grande escala. Vale ressaltar que grandes mudanças estruturais podem colocar uma organização em xeque, porém com uma gestão de pessoas estruturada e maleável, foi possível que o setor de produção alcançasse seus objetivos de curto prazo.
Alguns exemplos, são as pequenas, média e grandes empresas de costura, e até a Ambev e Leroy Merlim. Todas se adaptaram para produzir máscaras – item de uso obrigatório em alguns estados do país, e protetores faciais para doação aos hospitais. Empresas que produzem bebida alcoólica também modificaram sua linha de produção para produzir álcool em gel: a gigante brasileira Ambev que produziu 1,2 milhões do produto e distribuiu aos hospitais do país todo.
Até montadoras como GM, Ford, Jaguar Land Rover, Renault e Toyota que prepararam seus colaboradores e fábricas para consertarem respiradores pulmonares que não são utilizados há tempos ou estão danificados. A Mercedes-Benz, por sua vez, se juntou com o Instituto Mauá de Tecnologia para produzir respiradores de baixo custo.
Escrito por Anna Paula Coelho, graduanda em Psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Consultora na Consultoria RH Junior.