Estima-se que a falta de motivação de trabalhadores custe para o mundo todo ano cerca de 8,9
trilhões de dólares, cerca de 9% do PIB global. Para que possamos ter uma ideia da total
extensão desse número, façamos algumas comparações: 8,9 trilhões é 4 vezes o PIB do Brasil.
Se dividíssemos 8,9 trilhões igualmente entre todas as pessoas do mundo, cada uma receberia
aproximadamente 1.112 dólares. Se tivéssemos 8,9 trilhões de notas de um dólar empilhadas, a
pilha teria 900.000 quilômetros de altura, o que é aproximadamente 2,3 vezes a distância da Terra à Lua.
Esse dado, baseado a partir de uma pesquisa da Gallup, consultoria especializada em análise
comportamental no ambiente de trabalho, mostra como a desmotivação no trabalho tem um
impacto tremendamente negativo na economia do mundo, e deixa claro como é urgente que ela
seja combatida.
De forma que, estima-se que 6 a cada 10 trabalhadores estejam emocionalmente desmotivados
no trabalho, apenas sentados em suas cadeiras, esperando a hora passar, sem fazer o mínimo
esforço ou se engajar psicologicamente com o seu emprego. Assim, as causas desse fenômeno são
diversas, desde falta de lideranças competentes até problemas de saúde mental. Nesse texto,
iremos explorar algumas das maiores causas do desengajamento, e as atitudes que a sua empresa
pode tomar para evitar perdas astronômicas.
Falta de Desafios
Inicialmente, sabe-se bem que apresentar seus funcionários a desafios insolúveis pode contribuir para deixá-los estressados e desmotivados. Porém, paradoxalmente, o oposto não é verdade. Um funcionário que não é constantemente desafiado, que não precisa usar seu intelecto para resolver problemas, que sente que seu emprego é fácil demais, também tem grandes chances de ficar desmotivado.
Com isso, cada vez mais, o mercado de trabalho tem sido tomado pela “mentalidade de crescimento”, ou seja, a ideia de que os profissionais podem e devem melhorar constantemente suas habilidades. Uma vez que, seres humanos só aprendem quando são desafiados, e por causa disso, as empresas não devem ter medo de estimular constantemente o intelecto dos seus funcionários por meio da apresentação de novos desafios.
Diógenes Malaquias, especialista em negócios e fundador da LabMídia, destaca a importância
da pressão como um fator de crescimento pessoal, em especial para jovens. Para ele, ao
enfrentar desafios, o jovem poderia ter uma oportunidade para aprender resiliência, autoconfiança e responsabilidade. “A pressão é um privilégio, especialmente entre os 20 e 30 anos de idade, pois quando se percebe que ninguém vai te ajudar, que você tem que fazer e entregar um resultado, há o amadurecimento de fato”, explica ele. “Às vezes eu brinco que algumas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de ter essa pressão, sempre com um backup de segurança, são crianças para sempre, pois isso impede o crescimento, amadurecimento e em muitos casos, motivação”.
Naturalmente, o ato de apresentar desafios para funcionários deve ser realizado de uma forma cuidadosa. Afinal, enquanto uma quantidade saudável de desafio pode levar ao aumento da motivação e ao amadurecimento, um excesso de dificuldade e pressão, especialmente se dirigida a trabalhadores mais jovens e inexperientes, pode levar ao estresse psicológico, ao burnout e à depressão.
Falta de saúde mental
Ainda, o estudo descobriu que os índices de saúde mental dos trabalhadores estão declinando, fator que pode explicar as grandes perdas resultantes do desengajamento. Estima-se que 20% dos trabalhadores sintam solidão em seu emprego, índice que é ainda maior em trabalhadores jovens ou em home-office.
Além disso, foi percebido que trabalhadores mais jovens em geral parecem ter um nível de satisfação menor com o trabalho e com a vida do que trabalhadores mais velhos, o que talvez resulte do fato de os jovens ocuparem cargos inferiores na hierarquia organizacional, levando-os a se sentir desmotivados e sem perspectivas de crescimento.
Com isso, se torna vital que as empresas tomem atitudes para diminuir o desengajamento e a insatisfação de seus funcionários, já que esses fatores prejudicam o balanço. Assim, o estudo da Gallup mostra que
funcionários que não gostam de seus empregos tendem a ter níveis mais altos de emoções
negativas, o que sem dúvida impacta na sua performance.
Falta de boas lideranças
Adicionalmente, a pesquisa entendeu que 70% da variação do engajamento das equipes pode ser atribuída a liderança. Assim, o treinamento e desenvolvimento das lideranças torna-se essencial para melhorar a produtividade no ambiente de trabalho e evitar perdas.
Portanto, algumas maneiras com as quais as lideranças podem incentivar a proatividade dos seus liderados são: por meio de programas de metas, feedbacks e responsabilização, além de fornecer um exemplo de engajamento e alinhamento com os valores da empresa. Além disso, as lideranças são essenciais para manter viva uma cultura positiva na empresa, outro fator que a Gallup destaca como essencial para garantir a motivação da força de trabalho.
Logo, algumas práticas culturais que podem diminuir o desengajamento são: atenção na contratação e desenvolvimento de lideranças, engajamento como uma prioridade em todas as etapas de desenvolvimento na empresa, ênfase no bem-estar dentro e fora dos escritórios, benefícios e flexibilidade apropriados para os funcionários, a fim de promover equilíbrio entre vida pessoal e profissional, etc.
Outro fato é que, depois da pandemia, muitos funcionários estavam cada vez mais distantes de seus empregadores, comprovado pela pesquisa da Gallup. Assim, os colaboradores não saberem claramente o que se espera deles, naturalmente reduz o engajamento.
Ainda, de acordo com Jim Harter, cientista-chefe da prática de local de trabalho da Gallup, garantir o engajamento dos funcionários vai além de tratá-los bem e lhes assegurar benefícios. De maneira que, eles devem sentir que o que fazem no trabalho está ligado a algo maior do que eles mesmos, sendo que para isso, a atuação da liderança é fundamental.
Com isso, o cientista sugere que as lideranças realizem reuniões semanais e orientação com seus liderados, de modo a informá-los sobre como melhor trabalhar com seus colegas e a importância de suas tarefas. Uma vez que, estima-se que, quando os funcionários são informados sobre como colaborar uns com os outros, a clareza das funções aumenta de menos de 50% para cerca de 80%.
Conclusão
Em suma, o impacto econômico da desmotivação no ambiente de trabalho é gigantesco, custando mais do que o PIB de centenas de países. Por isso, é essencial que as empresas criem um ambiente que estimule o crescimento, promova o bem-estar e desenvolva lideranças competentes, não apenas para evitar perdas financeiras, mas também para construir equipes mais motivadas e produtivas.
Portanto, é possível aumentar os ganhos e diminuir as perdas da sua empresa ao aplicar técnicas e ferramentas de RH destinadas a diminuir o desengajamento. Para isso, a RH Júnior oferece ferramentas personalizadas, destinadas a aprimorar a gestão de pessoas da sua empresa, diminuindo a desmotivação e ampliando o rendimento de seus funcionários ao máximo.
Por Sofia Godoi
Referências Bibliográficas
FRANZÃO, Luana. Trabalhadores desengajados podem custar Us$ 8,9 trilhões do PIB Global.
VC S/A, 12 de agosto de 2024. Economia. Disponível em: https://vocesa.abril.com.br/economia/trabalhadores-desengajados-podem-custar-us-89-trilhoes-
ao-pib-global#:~:text=Esse%20n%C3%BAmero%20representa%20cerca%20de,em%20an%C3%A1lis
e%20comportamental%20no%20trabalho. Acesso em : 18 de agosto de 2024.
Baixo engajamento custa US$ 8,9 trilhões à economia global. Valor Econômico, 29 de julho de Disponível em: https://valor.globo.com/patrocinado/dino/noticia/2024/07/29/baixo-engajamento-custa-us-89-trilhoes-a-economia-global.ghtml. Acesso em: 18 de agosto de 2024.
HAMPTON, Charlotte. Funcionários insatisfeitos custam US$ 8,8 tri em perda de produtividade no mundo. Bloomberg Línea, 24 de janeiro de 2024. Linha Executiva. Disponível em:
https://www.bloomberglinea.com.br/2024/01/24/funcionarios-insatisfeitos-custam-us-19-trilhao-em-perda-de-produtividade-nos-eua/. Acesso em: 18 de agosto de 2024.