As mulheres estão cada vez mais ocupando seu espaço no mercado de trabalho e mostrando seu potencial como líderes, especialmente na área de Recursos Humanos, a qual a figura feminina se destaca, sendo 73% dos cargos de gerência do setor ocupados por mulheres, de acordo com uma pesquisa da empresa Bureau of Labor Stati. No entanto, em um panorama geral as mulheres representam apenas 38% dos cargos de liderança, segundo uma pesquisa do Grant Thornton, portanto, por que se tratando da área de Recursos Humanos, a grande maioria dos cargos é ocupado por mulheres?
Trajetória das mulheres no mercado de trabalho
O início
Desde os primórdios as mulheres são ensinadas a satisfazerem os desejos dos homens, seguindo as ordens que lhes são impostas. Esse cenário começou a mudar no século XIII, durante a Revolução Industrial, em que as mulheres começaram a realizar tarefas fora de casa, trabalhando dentro das fábricas. Contudo, as condições de trabalho da indústria na época estavam longe de ser consideradas atrativas, com jornadas exaustivas, em ambientes insalubres e recebendo salários extremamente baixos. A educação ainda era um direito apenas masculino e somente no século XIX a mulher começou a ter espaço dentro das escolas, porém ainda era um privilégio para uma minoria branca e pertencente à alta sociedade.
A mudança
Nesse contexto, influenciadas por movimentos sindicais , as primeiras revoltas a favor dos direitos das mulheres aconteceram, seguidas da primeira convenção de direitos das mulheres nos Estados Unidos, um dos marcos mais importantes na trajetória feminista, que deu força ao movimento grevista feminino de 1857. No entanto, a consolidação da figura feminina no mercado de trabalho se deu com a Primeira Guerra Mundial, uma vez que os homens foram obrigados a irem para a guerra, e, assim as mulheres passaram a substituí-los, tendo que conciliar seu papel de trabalhadora, em conjunto com o de mãe, esposa e dona de casa.
Evolução em curso
Em 1932, as mulheres conquistaram o direito do voto no Brasil, dessa forma sendo reconhecidas como cidadãs brasileiras, visto que na época apenas era considerado cidadão aquele que votava. Apesar disso, as mulheres ainda ocupavam cargos inferiores e submissos aos dos homens. Essa situação permeou até a década de 60, que foi marcada por diversos movimentos contra a desigualdade de gênero. A partir de 1970, a luta feminista foi crescendo exponencialmente e o papel da mulher no mercado de trabalho foi cada vez mais alcançando lugares nunca vistos, como a inserção de uma mulher na política pela primeira vez na história e a homenagem feita pela ONU, a qual promulgou o ano de 1975 como o “Ano Internacional da Mulher”.
Características das mulheres no mercado de trabalho
Cada vez mais as mulheres ocupam cargos de liderança e os reflexos dessa conquista tem trazido resultados positivos para as companhias. Segundo a McKinsey Study, as empresas que têm mais mulheres nas lideranças, apresentam um desempenho 48% maior e uma força de crescimento de faturamento 70% maior, em comparação com a média de crescimento das demais indústrias. Isso acontece por conta das figuras femininas apresentarem características dominantes que favorecem o universo corporativo.
A empatia é uma dessas qualidades. De acordo com a Universidade de Cambridge, as mulheres têm uma maior capacidade de compreender e compartilhar o sentimento dos outros do que os homens. Um dos motivos pelos quais isso acontece é porque desde a antiguidade a mulher foi ensinada a cuidar de terceiros além de si própria, desenvolvendo uma capacidade maior de lidar com as emoções do outro. Além disso, também tornou as mulheres mais harmônicas, permitindo que vejam o todo e sejam capazes de equilibrar e raciocinar em diferentes situações.
Outra característica feminina é a determinação e persistência, visto que, para ocupar os mesmos cargos que os homens elas precisavam e ainda precisam se esforçar para se qualificar mais, dando mais importância para oportunidades de crescimento. Ademais, o papel de conciliar o trabalho, a família e as tarefas de casa durante séculos fez com que as mulheres conseguissem mudar rapidamente de atenção e foco de uma tarefa para outra, sem ocorrer a perda de qualidade das atividades, assim integrando mais detalhes com maior velocidade.
Por fim, a resiliência é um traço forte das mulheres, isso acontece devido, segundo a psicóloga Fernanda Mion, da Harmonie Instituto, uma cultura machista que ensinou que homens deveriam ser autossuficientes e não demonstrar seus sentimentos. Desse modo, dificultando estes a lidar com seus problemas e superar seus obstáculos, consequentemente tornando as mulheres melhores em enfrentar conflitos.
Mulheres em Recursos Humanos
Apesar das mulheres representarem 38% dos cargos de liderança do Brasil, segundo uma pesquisa realizada pelo Grant Thornton, no setor de RH 73% das gerentes são mulheres, de acordo com a Bureau of Labor Stati, sendo no Brasil 3 a cada 4 profissionais da área do sexo feminino, mostra os dados do CAGED. A razão por trás desses dados é o perfil das mulheres em gerir negócios e pessoas, que se alinha ao de um profissional de Recursos Humanos, desse modo atraindo figuras femininas para tal departamento.
O trabalho no RH exige que o trabalhador seja empático, sabendo lidar com a motivação dos colaboradores e compreender seus perfis, tendo capacidade de ver além de processos técnicos, tanto para conseguir escolher os funcionários certos para determinada vaga, quanto para trabalhar com gestão de diversidade. Além disso, é importante saber engajar, motivar e desenvolver seus colaboradores, para manter um ambiente de trabalho adequado, assim é função do profissional ser harmônico e proporcionar um clima organizacional apropriado para a empresa.
Em Recursos Humanos, mais do que em outras áreas, é essencial ter determinação e resiliência, uma vez que os trabalhadores estão lidando com pessoas e suas complexidades. Dessa forma, é necessário ter capacidade de superação dos obstáculos corporativos e persistência, para acarretar nos melhores resultados para a empresa. A demanda desse setor mostra ser fundamental a capacidade de mudar a atenção rapidamente, sem perder a qualidade das tarefas, assim entregando os melhores resultados para a corporação.
Portanto, o perfil adequado de um profissional de Recursos Humanos se alinha perfeitamente a características, que por fatores históricos e culturais, se tornaram traços marcantes nas mulheres. Assim, respondendo o porquê das mulheres terem uma presença tão predominante nesse departamento.
Por Anna Nina Kneese