O conceito de governança corporativa ganhou uma discussão formal de destaque no Brasil e no mundo, nos últimos anos. Desde 1970, as transformações no dinamismo dos mercados implicaram uma mudança na gestão empresarial, que, cada vez mais, precisava adequar suas estruturas de controle, eficiência e transparência. Em meados de 1990, devido a escândalos de abuso de poder nos EUA, surgiu o conceito de corporate governance, que revolucionou a forma de governar das companhias.
Segundo o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), “governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e de controle, e demais partes interessadas.” Na prática, a boa governança visa dar maior transparência às relações interna e externa das corporações, garantindo a compreensão e o comprometimento de todas as partes interessadas. Dessa forma, a entidade que segue os princípios da boa governança possui vantagem competitiva e tende a assegurar melhor custo de capital e maior valor de mercado, além de se tornar mais atrativa aos possíveis investidores.
A base da governança corporativa é sustentada por quatro pilares interligados: transparência, responsabilidade corporativa, prestação de contas (accountability) e equidade. O conceito de transparência prevê que as decisões mais relevantes tomadas pela organização sejam comunicadas a todos os stakeholders da empresa. A responsabilidade corporativa está ligada à sustentabilidade das organizações e a sua atuação dentro de um contexto social. O princípio de prestação de contas, por sua vez, assegura que a empresa prestará conta em todos os âmbitos de sua atuação. Por último, o princípio da equidade garante tratamento igualitário a todas as partes interessadas. Tais princípios vêm cada vez mais se consolidando como ferramentas para impactar positivamente os resultados da corporação.
Quando se trata de grandes organizações, sejam elas instituições públicas ou empresariais, a boa governança é um requisito básico, tendo as finalidades de atrair capitais e de garantir a legitimidade do setor. No contexto das empresas juniores, a governança corporativa estabelece uma relação de transparência com relação a todas as atividades, inclusive a financeira – assumindo, assim, um compromisso com os stakeholders, nos quais se inserem: instituição de ensino, conselho administrativo, clientes e, por fim, colaboradores e ex-colaboradores. Ao reconhecer essa responsabilidade, a empresa ganha maior credibilidade e torna-se mais atrativa, tanto em relação aos clientes, quanto a parcerias. Além disso, a partir da divulgação de resultados, é possível ter uma visão mais ampla das estratégias que devem ser seguidas para que a empresa alcance suas metas e evite, desse modo, falhas de gestão – ou, até mesmo, abuso de poder.
Em suma, muito mais do que uma simples prática corporativa, a boa governança ultrapassa o âmbito dos deveres legais. Ademais, representa a harmonização do interesse dos administradores e dos demais stakeholders, por meio de mecanismos que tornam a empresa mais eficiente, sustentável e transparente. É importante que as empresas juniores reconheçam a importância de adotar essa prática, visando à otimização do resultado. Por conseguinte, governança corporativa é um processo que deve ser contínuo e flexível, buscando sempre adaptar-se às inovações e às transformações que tangem as relações da organização, dos colaboradores e do mercado.
Por Gabriela Barba Guidugli, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e diretora da área de Administração Financeira da RH Junior Consultoria.