Muito do mundo corporativo se assemelha ao mundo do futebol, principalmente em relação a pessoas. Apesar de dificilmente encontrar um clube com uma área estruturada de Recursos Humanos, as atividades de gestão de pessoas ocorrem indiretamente e tem significante importância para o bom desempenho da equipe no esporte.
Assim como nas corporações, as pessoas são o maior ativo das organizações esportivas. Para isso, é essencial que elas estejam motivadas e engajadas para trabalharem juntas em busca do objetivo almejado; no caso, ganhar. É aí que o treinador ganha um papel relevante diante de sua equipe, o qual não necessita apenas de habilidades técnicas, mas sim competências que incluem entender como o jogador joga, selecionar o mais adequado para determinada posição, manter o time motivado e promover o trabalho em equipe de maneira mais eficiente possível. Tite, o atual técnico da seleção brasileira, é um ótimo exemplo de gestor de pessoas. Mesmo com a maioria dos seus jogadores em diferentes lugares do mundo e em clubes distintos, Tite tem o costume de ligar para os seus atletas para incentivar e passar confiança. Ele tem grande preocupação com a comunicação e adota a filosofia “No vestiário todos comemoram o desempenho e não o resultado. Os jogadores estão focados em jogar bem”. No Corinthians, Tite também fez um grande feito. Durante sua atuação, a situação financeira do clube era desfavorável mesmo com diversos jogadores com os salários atrasados, o time foi Campeão Brasileiro de 2015. Diante dos resultados atingidos até o momento, pode-se dizer que esse modo de atuação tem trazido resultados.
Além dos técnicos, os olheiros também desempenham uma função com alta relação a de um profissional de Recursos Humanos. Como são responsáveis por observar e selecionar os talentos para essa indústria, para isso, é necessária a criação de um perfil adequado com a finalidade de fazer uma triagem e realizar uma análise prévia, para que a comissão técnica possa tomar uma decisão. Durante a contratação de novos jogadores pelos clubes também é desempenhada tal função. Já é conhecido o perfil que se deseja, o mercado é analisado, e por fim o clube contrata um atleta de acordo com as especificidades desejadas.
Apesar disso, o futebol ainda apresenta lacunas que poderiam ser preenchidas com Recursos Humanos. Um exemplo é no que se diz respeito à escolha do dirigente esportivo, realizada de certa maneira sem base teórica, e assim se seleciona pessoas despreparadas para o devido cargo o qual exige certa especialização. Ademais, há a desenvolver a comunicação entre a diretoria e a comissão técnica, onde em muitos clubes há situações de divergência que prejudica o desempenho da equipe como um todo. Essas são apenas algumas situações em que a gestão de pessoas poderia potencializar o desempenho do clube e tornar cada vez mais o futebol com aspectos de uma empresa.
Logo, nota-se que a gestão de pessoas é essencial não somente nas organizações, mas como foi abordado, para o mundo do futebol. Ela permite que se extraia os melhores talentos, mude a postura de uma equipe e a torne vencedora. Apesar de no esporte, na maioria das vezes, não ser realizado por pessoas especialistas na área, Recursos Humanos está presente e ainda tem espaço para ser mais difundido nos clubes.
Por Giovana Melo, graduanda em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e Trainee na Consultoria RH Junior.