O que é Mindfulness?
Segundo Russell Harris, Mindfulness pode ser retratado como “o trazer da plena consciência para as experiências individuais no aqui e agora, com abertura, interesse e receptividade”. Deste modo, Mindfulness implica na utilização de diversas ferramentas para atingir a atenção plena. Isso possibilita a vivência no presente momento, o direcionamento íntegro do nosso foco em práticas que realizamos no agora e o reconhecimento da fluidez dos nossos sentimentos, sem que tenhamos que controlá-los.
A presença da atenção plena
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard salienta que em 47% do tempo não estamos conectados ao presente momento, e que essa vivência automatizada se sobressai quando relacionada diretamente à felicidade. Dessa forma, quanto mais dispersos estamos, mais distantes nos encontramos da felicidade, e, portanto, inconscientes da realidade da nossa própria existência em ambientes sociais. Atualmente, a universidade incorpora técnicas de Mindfulness em toda sua equipe. Ademais, diversas empresas americanas e inglesas, principalmente no grupo de pessoas que lidam diariamente com tarefas essenciais para o funcionamento das instituições, também vivenciam esta prática.
A prática de Mindfulness permite apreender que a dispersão de pensamento faz com que não haja uma clareza na percepção de sentimentos e de sensações angustiantes; e que quando notadas de maneira receptiva, tornam seus impactos e influências (reações automáticas) consideravelmente menores.
Sobretudo, vale ressaltar que há uma diferença entre a compreensão e a tentativa de controle de sentimentos e de pensamentos. Ou seja, o caminho que buscamos aqui é o da aceitação e do auto pertencimento em prol da maior produtividade em âmbito organizacional – conceitos inseridos no mundo corporativo desde a década de 70.
Mindfulness e teoria da aceitação
Ainda assim, o Mindfulness pode ser divido em subconjuntos que levam à flexibilidade no desenvolvimento psicológico: a aceitação, a desfusão cognitiva, o contato com o presente momento, o eu observador, e os valores (qualidades escolhidas com propósitos) e as ações comprometidas. Consequentemente, esses subconjuntos em cadeia conseguem quebrar comportamentos contraproducentes – como a impulsividade, a influenciabilidade, o apego ao passado, e a esquiva de novas experiências –. Isto proporciona a clareza situacional diante do planejamento estratégico, da tomada de decisões, e da capacidade de experienciar resultados emocionais e cognitivos por completo. Em suma, essa interface entre Mindfulness e a teoria de aceitação, resulta na eficácia de tratamentos frente à uma diversidade de condições clínicas, assim como o estresse no ambiente de trabalho, a ansiedade e a depressão.
Mindfulness e Burnout
Quando o assunto é o gerenciamento de estresse no ambiente de trabalho, o burnout – o chamado esgotamento profissional – se torna cada vez mais frequente. Esse estresse desencadeia uma gama de consequências que afetam não só o colaborador, como os clientes. O impacto negativo e prejudicial da não concentração plena, do aumento das taxas de erros, das dificuldades em tomada de decisões, e da redução na capacidade de estabelecer relações sólidas, em empresas que possuem funcionários com burnout, elevam constantemente a necessidade da utilização de ferramentas para gerenciar esses problemas. Contudo, quando se trata do Brasil, segundo o ranking da Associação Internacional de Gestão de Estresse, o ISMA, o profissional brasileiro é o segundo mais estressado de todos as demais nacionalidades, já que para 69% da população, o trabalho é a principal fonte de estresse.
Uma pesquisa realizada na Inglaterra evidenciou que 81% dos médicos ingleses possuíam um desejo de se aposentar antes do tempo. Isso porque o estresse no trabalho e seus efeitos negativos na saúde física, nas relações pessoais e na qualidade de vida desses trabalhadores, os desmotivavam. A partir disso, 60% dos 81% relataram o burnout, estando assim, vulneráveis não só à exaustão profissional, como à despersonalização – sentimento de não pertencimento e estranhamento de si próprio. Atualmente, o sistema de saúde inglês, o NHS, recomenda programas e treinamentos de Mindfulness para a prevenção de possíveis estresses. Ademais também é indicado a inserção da prática na formação acadêmica dos profissionais.
Benefícios de mindfulness no ambiente de trabalho
Vejamos que muitas vezes, relacionamos sucesso com um aglomerado excessivo de tarefas que temos que realizar dentro da empresa. Logo, deixamos de prezar por um equilíbrio nas demais áreas de nossa vida, o que impulsiona possíveis sintomas físicos. Alguns exemplos seriam fadiga, dor de cabeça, dores musculares, e inevitáveis sequelas na saúde. Entretanto, mesmo que um indivíduo se sinta satisfeito com esse estilo de vida, emanar desenvolvimento e produtividade requer uma prática diária de presença incondicional, que acarreta tranquilidade e energia, desprendidos de exaustão e hiperatividade.
Os ganhos da inserção de práticas de Mindfulness na realidade profissional são cientificamente comprovados, e acarretam: decisões e planejamentos estratégicos mais eficientes; redução do absenteísmo; diminuição de conflitos no local de trabalho; desenvolvimento de cultura mais colaborativa; gerenciamento de emoções; alto índice de resiliência e satisfação; aumento da criatividade e autoconsciência; melhora na capacidade de resolução de problemas e desenvolvimento contínuo de empatia. Contudo, o Mindfulness não só corrobora a performance empresarial, mas também os aspectos de liderança e de gerenciamento. A seguir discorreremos sobre alguns pontos citados acima:
Elevação da produtividade empresarial
Ao praticar a atenção plena com pequenos exercícios de presença o foco é inevitavelmente ampliado; essa nitidez contextual distancia a procrastinação e naturalmente amplia a produtividade dos colaboradores. A execução de Mindfulness como ferramenta benéfica em âmbito laboral e a correlação positiva entre a prática e a avaliação de performance foi comprovada por estudos da Universidades Chaing Mai na Tailândia e de Ciências Médicas na Polônia.
A diminuição do absenteísmo
A abstenção de atividades empresárias frequentemente resulta na perda de coesão do time e da produtividade geral, além de transparecer gastos excessivos para a empresa. Segundo pesquisas do Departamento de Psiquiatria da Universidade Radboud nos Países Baixos, a implementação de Mindfulness ajuda a cessar este mal estar, com a satisfação e o clima organizacional. Juntamente com isso, a organização vivencia um ambiente mais positivo e agradável – graças a prática de presença plena.
Conclusão
Logo, Mindfulness provou ser um mecanismo crucial nas últimas décadas para empresas de todo o mundo. Ademais, implementá-lo não só agrega produtividade empresarial, mas acarreta satisfação de membros e clientes. As habilidades sócio emocionais que as empresas buscam atualmente no mercado, devem ser encorajas dentro do ambiente de trabalho. Em síntese, fortificar um clima organizacional demanda exercício constante de soft skills. Nesse sentido, a prática díspar de atenção plena nos permite tocar a profundidade de nossas relações interpessoais com complacência perante nossos sentimentos. Conclui-se que a inteligência emocional que o Mindfulness agrega é imprescindível para a alta performance.
Por Marina Akemi Tanabe Duarte, graduanda em Psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Trainee na Consultoria RH Junior