Viver em sociedade é sinônimo de possuir diversas possibilidades e formas de se constituir como um ser. O indivíduo social é influenciado por todo o contexto que o permeia, como a sua classe social ou o período histórico, e pelas atividades e relações com as quais se envolve. Sendo assim, o trabalho é um dos aspectos que gera grande impacto na formação pessoal, principalmente quando se trata de jovens, uma vez que estes ainda estão passando por um momento de experimentação e de autodescoberta.
Na realidade de alguns universitários existe a oportunidade de se conhecer e crescer em uma empresa na qual haverá a possibilidade de exercer diferentes papéis em diferentes áreas, como é o caso das empresas juniores. Ao entrar em uma empresa júnior, o estudante se depara com um ambiente totalmente gerido por pessoas da sua idade, o que abre um leque de alternativas de atuação que envolve todas as áreas e cargos existentes na associação. Assim, o indivíduo é capaz de escolher o caminho da sua própria carreira de forma dinâmica, ao mesmo tempo que adquire um vasto conhecimento e se desenvolve.
Este desenvolvimento, mesmo que voltado para a vida profissional, não se reduz a colocar em prática os ensinamentos da graduação; o que o jovem leva de sua experiência em uma empresa júnior vai muito além do conhecimento técnico, pois a parte comportamental também é impactada. As competências desenvolvidas não serão utilizadas somente no mercado de trabalho, mas em diversos âmbitos da vida, como em seus relacionamentos interpessoais ou na vida acadêmica – o que nos mostra que a identidade do empresário júnior será afetada mesmo em situações nas quais ele não atua como tal.
Para o filósofo Robert Sokolowski (2004), a identidade, analisada a partir de um viés fenomenológico, possui múltiplas formas de se manifestar, não se reduzindo a apenas uma delas e é possível perceber exatamente esse conceito na vida de quem participa de uma empresa júnior. Mesmo que o aprendizado seja internalizado e possa influenciar positivamente diversas situações, o jovem ainda possui uma vida própria que inclui momentos de lazer, relacionamentos ou outras oportunidades na vida acadêmica, por exemplo. Ou seja, as competências adquiridas poderão ser aproveitadas em praticamente todas as esferas da vida, mas a pessoa não se reduzirá a uma participante de empresa júnior.
O empresário júnior tem parte de sua identidade manifestada através do exercício do seu papel dentro da empresa, mas também é capaz de manifestá-la atuando em outros cenários. Assim, é evidente a viabilidade de levar uma vida social agradável ou manter o foco nos estudos ao mesmo tempo que é um dos responsáveis por gerir uma empresa com profissionalismo e dedicação, pois isso é fundamental para a construção de uma identidade rica e diversificada.
Por Simone Evangelista, graduanda em Psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretora de Recursos Humanos da RH Junior Consultoria.