A disputa por vagas de trabalho no mercado brasileiro se torna ano a ano cada vez mais acirrada. Nos mais diversos processos seletivos das empresas, o nível de dificuldade instaurado pelos recrutadores tem aumentado significamente, uma vez que o mercado nacional ainda se reestrutura de uma crise. Dessa forma, diversos profissionais se encontram alienados do mercado de trabalho, já que seus currículos e competências não são mais considerados um diferencial suficiente.
Contudo, várias empresas têm sinalizado a busca pela criatividade competitiva como o diferencial que contrata, mesmo no atual contexto que o país se encontra. A criatividade competitiva, além de gerar a inovação de produtos e serviços, pode promover a renovação de processos ou uma nova estrutura organizacional. Apesar desses aspectos intuitivamente positivos, a grande dificuldade do profissional ao se relacionar com a criatividade reside exatamente na pergunta: como desenvolvê-la ao ponto competitivo?
Para responder esse questionamento, deve-se antes delimitar o que é e o que não é considerado um comportamento ou abordagem que promove a criatividade competitiva. Exemplificando, o que acontece constantemente nas empresas em relação à criatividade é a geração irrestrita de ideias e planos sem um direcionamento próprio para algo factível e correspondente aos problemas ou possibilidades presentes na empresa. A criatividade, assim como a energia, se não é convertida em algo útil, é desperdiçada.
Esse tipo de questionamento não apresenta uma resposta objetiva e direta, já que a competência em questão não é o resultado exclusivo da leitura de livros, exposições teóricas ou vídeos. Porém, há referências no meio profissional que servem como base para aqueles com o interesse de crescer profissionalmente e começar a exercitar mais o lado criativo voltado aos interesses das empresas.
Uma das maiores inspirações no mercado para aqueles que querem desenvolver a criatividade competitiva são os chamados “Disney’s Imagineers”. Claramente, a Disney é um dos melhores parâmetros no mundo ao que se refere à criatividade competitiva. Desde sua fundação, sua razão de existir foi estar na frente de todas as outras empresas no fator inovação para sempre promover a sensação de viver um sonho em seus parques, ou através de histórias, filmes e produtos
Em sua filosofia de trabalho, os Imagineers acreditam que o ponto principal para se estimular a inovação é interpretar sua criatividade como uma extensão de seus músculos, ou seja, deve ser algo praticado de forma constante, sem medo de tomar riscos ou fracassar, pois esse é o grande processo engrandecedor de boas ideias.
Outro fator essencial dos Imagineers é que eles sempre tentam, antes de começar a propor conceitos ou planos, traçar qual o resultado final que eles desejam alcançar em suas atrações. Medo, surpresa, felicidade ou adrenalina? Há a necessidade de determinar qual o propósito final de um projeto antes de se desenhar um caminho. Assim, a criatividade competitiva diminui o risco de perder o foco e, consequentemente, a utilidade para a empresa.
O Vale do Silício é outra perspectiva de onde os profissionais podem tirar inspirações de medidas que desenvolvem uma criatividade competitiva. Localizada na costa oeste, é a região nos Estados Unidos que mais cresceu economicamente nos últimos anos. Grande parte desse sucesso está atrelado a suas medidas corporativas inovadoras que a diferenciou de qualquer outro lugar no mundo.
Dentre os mais diversos pontos de destaque das empresas do Vale do Silício, um dos mais relevantes no que diz respeito à criatividade competitiva é a sua mentalidade colaborativa direcionada à resolução de problemas. No vale, é extremamente estimulado o princípio de que a genialidade de todos deve ser compartilhada para o bem comum da empresa, não para o cumprimento de agendas pessoais. Aquele que busca a genialidade individual raramente se depara com o sucesso nessa área, pois é muito difícil surgir ideias criativas competitivas desvinculadas ao debate construtivo, à diversidade de ideias e às diversas e tentativas e erros que andam junto ao processo natural da formulação de ideias realmente inovadoras. Não é por acaso que uma das maiores tendências do mercado atual é adotar a postura de coworking para conseguir formar o elo entre o que os clientes querem e o que a empresa faz.
A criatividade competitiva é , portanto, uma competência que pode ser alcançada conciliando a prática proativa em busca da melhora junto de metas claras. Dessa forma, não se perde a utilidade das ideias para a empresa, para a colaboração com colegas de equipe e com o próprio sucesso profissional.
Por Stefano Lozardo, graduando em Administração de Empresas na Fundação Getulio Vargas e Coordenador de Relações Institucionais na Consultoria RH Junior.