Atualmente, grandes empresas como a Microsoft ou a Nestlé tem dado bastante importância para a diversificação dos seus colaboradores. Essa tendência mostra que o mercado abriu seus olhos para os benefícios da diversidade. Segundo um estudo publicado pela McKinsey, “Diversity Matters”, há quatro grandes vantagens de possuir uma companhia razoavelmente diversa: um maior potencial de inovação, produtos mais orientados ao mercado consumidor, vantagem na procura de talentos e maior satisfação dos colaboradores.
Para entender o primeiro dos benefícios listados previamente, é importante definir uma empresa diversa sendo aquela que possui pessoas com backgrounds, formas de raciocínio e pontos de vista diferentes. Isso se traduz numa firma que investe para obter mais do que pessoas de etnias, cores de pele, orientações sexuais ou gêneros diferentes, prezando por ter qualquer tipo de diferença. Um exemplo de investimento tendo em mente um público alvo diferente dos já abordados seria a função de controle pelo olhar do Windows 10, que permite portadores do mal de Lou Gehrig usarem o mouse no trabalho.
Iniciativas como essa abrem a porta para a colaboração entre pessoas das mais variadas distinções e deixam o local de trabalho mais propício a primeira grande vantagem citada, um maior potencial de inovação. Isso vem com uma equipe em estágios mais avançados do seu desenvolvimento, pois o choque de ideias diferentes gera conflito entre os funcionários e, num primeiro momento, é contraproducente. Passado esse período inicial, as formas de pensamento diversificadas da equipe começam a se complementar, a produtividade da equipe começa a aumentar e o potencial de criatividade aparece. Um gráfico do artigo “The inclusive leader” mostra isso e compara a produtividade de um time diverso com a de um homogêneo.
Além de ter uma grande capacidade para gerar ideias novas, times em estágios mais avançados produzem produtos mais orientados ao mercado consumidor, a segunda vantagem. Com um público alvo cada vez mais heterogêneo, é importante possuir uma equipe diversificada e demograficamente semelhante à população local, que entende mais profundamente a vontade do cliente e produz um produto que reflete as necessidades do comprador. Também é importante ressaltar que essa equipe possui respostas mais rápidas, criativas e efetivas às mudanças no mercado ao comparar com equipes homogêneas. Uma fala de Priscylla Laham, Vice Presidente de vendas da Microsoft resume bem esse tópico: “Se nós não tivermos internamente algo que se aproxime da diversidade do mercado brasileiro, dificilmente seria possível criar soluções que atendam esse mercado”.
Para conseguir times que consigam ter a performance e os insights abordados anteriormente, é de suma importância recrutar talentos, portanto ter uma empresa bem diversificada pode ser um diferencial, pensando em atrair a candidatos que pertençam à algum grupo minoritário. Uma firma diversa possui um leque maior de bons candidatos para selecionar, pois esses se sentem mais representados trabalhando numa empresa diversa do que numa mais homogênea. Além do mais, representatividade também é um fator relevante para a satisfação de colaboradores pertencentes às minorias de uma empresa. Segundo o mesmo estudo da McKinsey abordado no início do texto, após a força tarefa ser composta em mais de 15% por minorias, há um aumento na satisfação desses colaboradores, melhorando a confiança e a autoestima desses grupos, enquanto diminui o preconceito que eles sofrem.
Em suma, diversidade pode servir como um atrativo para pessoas que podem contribuir com a empresa e essas, ao entrar, alavancam a performance da empresa num período de médio a longo prazo, aumentando o número de interessados na firma e criando um ciclo virtuoso. Apesar disso, e de todos os outros benefícios listados nesse artigo, é válido comentar que demanda esforço tanto para formar equipes de pessoas com backgrounds diferentes, quanto para extrair o potencial desses grupos, formando os desafios atuais do mercado de trabalho.
Por Felipe Rossa, graduando de Psicologia no Mackenzie e consultor na Consultoria RH Junior