Contextualizando
Nos últimos anos a Área de Recursos Humanos foi ganhando contornos diferentes e sofrendo mudanças e aprimoramentos de toda ordem. O setor de RH era um departamento burocrático e operacional, envolvendo apenas ofícios administrativos, como folha de pagamento e contratação dos funcionários. Porém, após um processo de aprimoramento do RH, o setor foi atualizado conforme as novas realidades da modernidade, passando a ser uma área estrategicamente personalizada pela articulação das expectativas dos atores econômicos, empregador e empregado, visando assim, os resultados da empresa como um todo. Toda essa renovação é pautada pela consciência de que sem pessoas qualificadas e motivadas, nenhuma organização tem sucesso.
A percepção do empresário, normalmente, está associada ao que esta área pode agregar de valor a seu capital financeiro e econômico; e, pelo lado do trabalhador, que valor vai agregar a sua carreira, sua qualidade de vida e a vida de sua família. O Recursos Humanos gravita nessas duas lógicas, servindo de interface entre o capital e o trabalho.
Durante muito tempo perdurou a forma coercitiva de como a organização tratava os seus trabalhadores, os quais só tinham a serventia de emprestar sua mão de obra para o trabalho diário em uma empresa qualquer. No início do século XX o foco da área de administração de gente (recursos humanos) era voltado somente ao controle da remuneração. Trabalhava-se muito em troca de uma recompensa salarial. Todavia, tal setor teve que abandonar aquele papel que assumira no antigo cenário, e, através de um aprimoramento do RH, assumir uma postura mais proativa e de acordo com os novos tempos.
Em 1929, com a Grande Depressão todas as verdades até então aceitas caem por terra e inicia-se assim uma onda de estudos em torno da busca da causa da crise. As novas ideias trazidas pela Teoria das Relações Humanas impulsionam uma nova perspectiva para a recuperação das empresas de acordo com as preocupações de seus dirigentes, começando a tratar de forma mais complexa os seres humanos e suas relações trabalhistas. Até então, o trabalhador era tratado pela Teoria Clássica, associado à forma mecânica. Com os novos estudos, o foco mudou e, do “homo economicus” o trabalhador passou a ser visto como “homo social“.
Aplicação
São nesses novos contextos que o Recursos Humanos foi aprimorando-se e ressignificando-se. Desde sua forma embrionária até a sua forma mais sólida, tal área recebeu diversos nomes. Porém, o que importa não é um nome, mas o significado íntimo que este departamento adquire dentro das organizações.
Até os dias de hoje, onde o imperativo é a administração do trabalho dentro de um ambiente altamente tecnológico e competitivo, o homem é um dos principais elementos dessa equação. Por conta do alto grau de volatilidade do mercado geral e, especificamente, o mercado de trabalho as empresas se veem obrigadas a criarem estratégias de produtividade e fidelização de seus colaboradores e é nessa conjuntura que entra a gestão de pessoas.
A gestão de pessoas visa a valorização dos profissionais e do ser humano, diferentemente do obsoleto e antiquado setor de Recursos Humanos que visava a técnica e o mecanicismo do profissional. O aprimoramento da área envolveu uma conscientização de que as pessoas são dotadas de entusiasmo e de desejo por crescimento e novas responsabilidades; e que buscam ser parceiros das organizações as quais fazem parte.
A partir deste aprimoramento do RH, começa-se a pensar na participação dos funcionários na tomada de decisão e na disponibilização das informações acerca da empresa na qual eles trabalham. Com isso, após essa ressignificação, o cenário é diferente hoje em dia: os empregados são chamados de colaboradores, e os chefes de gestores. Pode-se afirmar, portanto, que gerir pessoas é contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional do empregado para, como o próprio nome fala, poder colaborar com o sucesso da organização como um todo.
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Por Lavínia Pagoto, graduanda em Psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e consultora na Consultoria RH Junior.