A Potencialização do Gerenciamento do Colaborador
O período da Revolução Industrial, foi caracterizado por grande exploração das condições de produção humana, a partir de uma mecanização do trabalho com operários que realizavam uma mesma atividade, possivelmente sem ter o conhecimento de qual seria o produto final dos esforços que depositavam, bem como não possuíam condições econômicas para consumi-lo. Desempenhavam uma função, não necessariamente compatível com suas reais capacidades e habilidades, resultando em uma completa alienação, acompanhada da perda de sentido de realização do mesmo. Desta forma, compreende-se um sistema de coisificação, ou seja, o trabalhador era visto como algo meramente substituível e comparado a um simples objeto, justamente por não se encontrar em sua condição mais saudável.
Com o desenvolvimento tecnológico, a realidade presente no século XIX se mostra contraditória. À medida que esses meios poderiam servir como facilitadores do conhecimento e da dinamicidade de operações, o colaborador acaba por obter um sentimento de necessidade de efetuação, a fim de se sentir mais útil. Esse comportamento acarreta na superprodução e na desumanização dos processos, as quais estimulam a sobrecarga de trabalho, devido as facilidades oferecidas.
Ao concentrar suas reais intenções nas atividades que devem ser entregues, os gestores acabam por deixar de lado o olhar humano, o qual deveria ser designado ao outro, tratando-o como máquina. Esse comportamento propicia um distanciamento do último com os que o cercam, principalmente aos resignantes de tarefas, influenciando uma gama de contribuintes desgostosos com os serviços, e principalmente ofuscando o sentimento de pertencimento para com a corporação.
Vale ao gestor, nesse caso, redirecionar os objetivos das funções propostas, isto é, compreender qual o propósito do que foi solicitado, além de avaliar a forma com que passará essa mensagem. O modo de tratamento com o funcionário é fundamental, ao passo que, por meio de uma comunicação clara, que valorize o outro e que o reconheça, promove uma maior coesão com a responsabilidade a ser exercida. Caso contrário, a sobrecarga poderá tomar conta do trabalhado abordado, comprometendo sua saúde física, mental e emocional, junto disso ainda pode influenciar a qualidade de seu ofício, prejudicando o bom andamento de seus processos.
O bem-estar do supracitado, portanto, é a chave para que os resultados sejam alcançados com êxito, visto que as empresas são compostas essencialmente por pessoas, e é devido ao desempenho e inteligência dos mesmos que o progresso se torna possível. O entendimento sob a necessidade de manter o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional garante o contentamento, promovendo mais satisfação e flexibilidade. Além disso, o fato de se demonstrar preocupado garante uma aproximação com o colaborador, fortalecendo a transparência e o maior conhecimento sob os que constituem o ambiente.
Ressalta-se deste modo, que o controle sobre a saúde dos funcionários de uma empresa, não é somente responsabilidade daquele a quem eles respondem, mas de todos os componentes do ecossistema. Estrategicamente, o líder deve-se atentar a estas questões para que o andamento do grupo seja positivo, seus funcionários sintam prazer no que desempenham e, principalmente para deter a expertise em gerir os talentos. De acordo com o Politólogo Argentino Guillermo O’Donnell: “Quanto mais elas se sentirem integradas num grupo, mais dispostas estarão a oferecer sua força para o todo. O que as integra é a afinidade de valores. No entanto, quando não há compartilhamentos de valores, existe o risco das pessoas seguirem seus interesses individuais. E é a natureza desses valores que estimula a colaboração e garante que cada um possa agir de acordo com os interesses do todo.”
Conclui-se, portanto, que o gerenciador encarrega-se de estimular e propiciar, através de um clima assertivo, a motivação e performance dos membros de sua empresa, sabendo explorá-las proveitosamente para o maior envolvimento saudável entre o colaborador e os meios ao qual faz parte, e consequentemente, o êxito dos resultados. Sendo assim, a valorização e o reconhecimento são fatores essenciais para uma maximização da potencialização dos membros de uma equipe. “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” – Carl Gustav Jung.
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Por Beatriz Santangelo, graduanda em Psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Diretora de Recursos Humanos na Consultoria RH Junior.